Quando ela acabou com você, percebeu que uma parte de si mesma também não voltaria mais. A parte reclusa, temerosa, insegura e triste. A parte que tinha medo de conquistar o novo, pensando em um futuro no qual você seria infeliz. A parte que sofreu tanto com a sua própria personalidade, porque sabia, bem lá no fundo, que a passividade natural de ser ela mesma, a prejudicava.
"Você me engana tão bem
Eu finjo que acredito
Eu gosto de mentir também
Eu só não admito"
E não venha ler isso, e pensar que não é culpa sua. Foi, e, é culpa sua. Porque em todas as vezes que você a humilhou por não ser do jeito que você queria, são lembradas. Todas as vezes que você a criticou sem intenções de fazê-la evoluir, são lembradas. Todas as vezes que você não a apoiou e a "aconselhou" a desistir dos seus sonhos, são lembradas.
Lembradas e refletidas.
Repensadas de forma amargurada.
E certas de que, não é certo ter que passar por isso.
"Sentir por não te conhecer
Deixar por não querer parar
Falar por não saber agir"
Você a feriu. Não fisicamente, entretanto, feriu. E essas feridas estão no seu processo final de cicatrização. E a versão dela que hoje lembra disso, sente pena de você. Sério, pena. Porque a ela, só amor. Não amor do outro, mas amor próprio.
O medo de discutir, não existe mais. Hoje, ela quer falar.
A autoestima está sendo trabalhada e cada conquista é um pouco mais especial.
E felizmente você já não está por perto para ver isso.
Ao lado dela, só pessoas que a enxergam e valorizam o que veem, sem a necessidade de mudá-la para encaixá-la nos moldes. E isso não quer dizer que ela não quer mudanças. Todos os dias está lá, a mesma vontade de ser melhor, mas sem nunca deixar de ser ela.
A melhor forma de viver é se libertar do nó que as pessoas fizeram em você. Demora um pouco para encontrar o caminho certo a se trilhar, mas a recompensa é a melhor parte... o momento em que finalmente é possível... ser.
Liberdade, rapaz. Liberdade.