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{Resenha} Escola de Equitação para Moças - Anton Disclafani

E ai, gente?
Finalmente estamos de volta! A resenha de hoje é de um livro muito bom, mas também melancólico da Editora Intrínseca. 






Editora: Intrínseca
Publicação: 2013
Em meio à Grande Depressão, enquanto os Estados Unidos estavam à beira do abismo e os dias de bailes de debutantes e vestidos elegantes estavam contados, Thea Atwell, de 15 anos, é afastada de sua casa, na Flórida e mandada para uma escola interna para meninas. Situada nas montanhas de Blue Ridge, na Carolina do Norte, a Escola de Equitação Yonahlossee para Moças é bem diferente da infância idílica que Thea levava com o irmão na fazenda da família – um mundo agora parcialmente arruinado. Enquanto avalia sua responsabilidade nos acontecimentos do passado que a levaram àquele lugar, Thea se vê inserida em um novo mundo, comandado por beleza, dinheiro e amigos influentes, que vai mudar o que ela acredita ser possível para ela, sua família e seu país.


O livro é narrado por Thea, do futuro, e trata principalmente de um ocorrido que afetou toda a sua família. Esse ocorrido é um segredo, e ela vai nos revelando aos poucos. O que é certo é: ele afetou sua família e a levou a passar por tudo que está passando: a entrada no internato e seu sentimento de culpa e de autoflagelação.

Algo que fica bem evidente desde o início do livro, é o amor de Thea pelos cavalos e pela equitação, o que torna sua estadia no internato um presente, tanto quanto um castigo. Thea vai se entregando à rotina do lugar, às pessoas, e vai descobrindo que consegue existir sem sua família, sem seu irmão gêmeo.

Durante o decorrer da história, Thea vai nos apresentando sua família: Sam, seu irmão, seus pais, Georgie, seu primo e os pais de seu primo, que tem participação ativa na vida da família. A gente praticamente acompanha o crescimento de Thea, Sam e Georgie, e eles tem uma infância de dar inveja, com o casarão de Thea, e seu jardim tendo toda a extensão das terras de seus pais, que vão até perder a vista e, principalmente, a liberdade de ir e vir por estas terras como bem entenderem, já que não tem vizinhos ou outras pessoas por perto.

Thea nos conta tudo isso ao mesmo tempo em que narra suas novas experiências na escola. O década ainda é 1930, e as mulheres ainda não tinham pouca ou nenhuma autonomia. A Escola para moças ensinava um pouco de disciplinas como a história e francês, mas as moças nem mesmo eram avaliadas, e a importância dada ás aulas de equitação eram muito maiores. Mesmo o interesse em alguma faculdade, já que estamos falando de meninas ricas, tinha o objetivo de conseguir um marido e formar uma família. A mulher e seu papel na sociedade são conceitos bem menosprezados na história.
“Em Yonahlossee aprendi a lição que tinha começado a ensinar a mim mesma em casa: minha vida era minha. E tive que reivindicá-la para mim.”
Voltando um pouco para a personagem, Thea, a autora conseguiu quebrar a expectativa de uma personagem boazinha injustiçada, ou da riquinha mimada. Thea é um pouco de tudo e, confesso, não sou sua maior fã. Como ela não veio de uma família inserida em um círculo social, e não carrega a responsabilidade manter o nome ou status da família, ela se acha superior ás outras meninas que tem essa preocupação em mente, mesmo que ela não perceba. E sua antipatia com uma colega de quarto, Mary Abbot, foi uma coisa que me irritou muito, porque não tem sentido na história. A pobre coitada é descrita com características que nos causam asco pela personagem desde o início.

Thea é destemida e gananciosa. E acaba por cometer erros de uma garota que não sabe o seu lugar.

Gananciosa foi também a autora, que quis dar doses de erotismo ao livro mas, na minha opinião, errou na dose. Ela descreve as experiências de Thea, com a mente de alguém experiente, que sabe o que está fazendo, quando, mesmo sendo uma menina á frente de seu tempo, Thea ainda é só uma menina que mal reconhece que está crescendo.
“Meus pais tinham me mandado embora porque perceberam que eu era uma menina que ansiava demais, desejava em excesso, de forma inapropriada. E, naquela época, todo aquele desejo era perigoso.”
No geral o livro me agradou, foi uma leitura leve, tranquila, que trouxe uma visão diferente do mundo, principalmente da perspectiva feminina. Achei que o final deixa todo o livro com uma aura de melancolia, mas que também traz uma lição de autonomia. Nós somos tudo de que precisamos pra construir uma vida boa, e mesmo o passado tendo sido maravilhoso, ás vezes temos de romper com ele e talvez seja pra melhor.

“Eu queria tudo [...] , aprendi que era uma menina que conseguia o que queria, mas não sem tristeza, não sem deixar um rastro de destruição tão grande que consumiu minha família. E quase a mim. Quase o trilhei junto com minha família, quase me perdi. Mas eu era egoísta demais. Eu queria demais. E nada do que aconteceu foi uma decisão minha, uma lista pré-concebida, um plano articulado. Não escolhemos quem amamos. E ai de todos nós, por causa disso.”


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