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Crônica: SAMPLEYS E ÁRVORES EM JURERÊ


Autora: Bárbara Souza
IMAGEM: Homer Britto
Com seu olhar marcante, movimentos precisos e danças hipnotizantes, o conhecido mundialmente como Marquinhos DJ, soltava pelo som dos alto falantes a nova música do momento “Deixa os garoto brincá”. A atenção do público estava mais uma vez nele, assim como nos últimos cinco anos. Contudo, a fama tem seus dois lados, que vai da glória dos fãs e o poder de usar drogas sem ser preso, a perseguição dos haters e da mídia. E nesse show, o ódio veio de quem ele menos esperava, das árvores. Ou melhor, dos seus protetores. 

Cansados de encontrarem vídeos e notícias apontando o criador de sampleys de guitarra fumando, urinando e fazendo sexo em locais públicos e verdes, os fundadores da maior máfia do Brasil, o da Greenpeace. Conhecidos por sumir com pessoas que em algum momento da vida já prejudicaram o meio ambiente, criaram o movimento “Acabou a mamata, fumar além de prejudicar, maltrata!” E apresentaram aos brasileiros que concordavam que parte da devastação do meio ambiente ocorre devido ao fumo excessivo de tabaco e maconha, a sua próxima vítima, ou seria vilão? 

Mesmo que Jurerê estivesse animada naquela tarde, Marquinhos sentia seu público tenso. Os beijos trocados entre os pseudo casais eram rápidos e as mulheres não ficavam tão próximas do palco. Algo estava errado, mas o artista se negava a acreditar que aquelas pessoas envoltas a tanto álcool e música boa estavam realmente preocupadas com um bando de protetores de plantas. Tudo bem que nos últimos anos, todos os ameaçados por eles desapareceram ou surgiram mortos em algum momento, mas, eram apenas coincidências, não é?! 

“Essa gente que acredita em tudo que lê nas redes sociais não merecia nem estar no meu show, desanimando tudo”, reclamou. A música “Eu virei astronauta” saiu no volume máximo das caixas de som, o DJ aproveitou para descer do palco e tomar um ar. Sua indignação era evidente. Não podia acreditar que pela primeira vez em anos, seu show estava sendo uma droga, nem quando tocava em baladas extremamente apertadas em Belo Horizonte elas eram assim. Nem quando ele gravou o vídeo show em cima de um camelo e recebeu críticas durante duas semanas as coisas ficaram dessa forma. Ele se sentia mal. 

O grande homem, grande mesmo, pois seus noventa e oito quilos não permitiam que ele passasse despercebido, precisava relaxar e por isso, sem medo do perigo tirou um maço de Derby Azul e acendeu um cigarro. Porém, ele não esperava que em seu próprio show, houvesse infiltrados da máfia esperando apenas o momento certo. Homens vestidos de verde cintilante surgiram em sua frente e um saco foi colocado em sua cabeça. E mesmo que diversas coisas passassem por ela, ele não podia imaginar o que estava por vir. 

Quando o carro que o levava finalmente parou, o cheiro das plantas era forte e inundava o interior de suas narinas. Ao tirar o capuz, ele se deparou com um lugar inimaginável. A frase “A grama do vizinho é sempre mais verde” nunca esteve tão certa. O homem à sua frente se apresentou como Pã, e lhe disse, irado, que ali ele iria pagar por todos os desrespeitos a natureza, que lhe dava a vida 

O Greenpeace havia conseguido. DJ Marquinhos, enquanto andava pelo local era capaz de ver rostos conhecidos como Juliana Paes, Diego Maradona e até mesmo Michael Jackson estava ali – Marquinhos sempre desconfiou que ele não havia morrido. Então era lá que eles ficavam, confinados no meio do nada, cuidando de plantas. Será que ele seria esquecido com o tempo, assim como todas as pessoas ali? 

O tempo passou. E cinco anos após o ocorrido, seria mentira seria se alguém dissesse que foi rápido. Marquinhos, agora conhecido apenas como André, ainda se lembra da época das aventuras de seus dedos pelos bolachões e controles de som. Sem cigarros, drogas e respeitando muito a natureza, ele se prepara para viver uma nova vida. Longe das festas, espalhando muito amor e e-mails solicitando assinaturas para salvar os animais, e, quem sabe, no futuro, se candidatando para algum cargo como integrante do partido Verde? De uma coisa ele tem certeza, Greenpeace continuará a fazer de tudo para salvar o meio ambiente. 

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